JACK - O CAÇADOR DE GIGANTES

A resenha do filme Jack – O Caçador de Gigantes foi escrita por Marcelo Molinari (Blog)
Fui assistir ao filme Jack – O Caçador de Gigantes (Jack – The Giant Slayer) com alguma esperança que poderia ser divertido. Não vou dizer que é tão ruim, mas está longe de ser bom, mesmo como um Conto de Fadas.
O velho Fúria de Titãs, não o novo, é um exemplo de filme que se apresenta como um certo tipo de narrativa e cumpre seu papel. É um filme que se apresenta como mitológico e cumpre mais ou menos o seu objetivo.
Este Jack é uma interpretação da história do João e o Pé-de-Feijão. Jack é um jovem inocente que se apaixona pela princesa e acaba completando uma série de desafios até conquistar o objetivo de pegar a princesinha. Jack esbanja pureza e bom mocismo e tudo é mais ou menos perfeito. A princesa é perfeitinha e os atos heroicos de Jack são todos calculados. Os vilões são realmente vilões, o rei é sábio, os gigantes são monstros animalescos. Tudo é bem previsível.
Alguns podem defender a previsibilidade dos personagens como características de narrativas de Contos de Fadas. Parece que o diretor e os roteiristas tentaram seguir esta linha, buscando cristalizar os personagens em seus papeis. O herói, o vilão, a princesa, o monstro. A questão é se podemos falar em Contos de Fadas neste filme. Acho que não. Os contos de fadas tradicionais eram histórias viscerais e brutais que podiam servir para alguma coisa. O lobo não era mal à toa, era mal porque há quatrocentos anos atrás lobos matavam pessoas e era melhor que as crianças aprendessem isso o quanto antes. Fora que muitos Contos de Fadas são muito mais ferozes do que as versões cinematográficas que muitas pessoas conhecem hoje. Em uma versão de Chapeuzinho Vermelho o lobo não quer devorar a garota, ele a chama para deitar com ele na cama.
Já vi excelentes adaptações de narrativas tradicionais para o cinema, como o clássico Nosferatu de Herzog ou o Fúria de Titãs antigo, como já disse. Seria legal ver um Conto de Fadas adaptado com mais proximidade a uma narrativa mais visceral e com mais significados, como eram as histórias antigas.
Este filme acaba resumindo-se ao grande chavão da jornada do herói sem grandes variações, inovações ou invenções. Tudo é bem perfeitinho. O herói se redime no final, os gigantes são vencidos, a princesa beija o pobre plebeu. Gostei do visual dos gigantes e de seu mundo, mas a história é muito básica. Quase dormi quando estava vendo o filme. É bem difícil enquadrar este filme como um conto de fadas moderno. O filme O Hobbit apresenta uma história mais ou menos similar, mas com muitas outras coisas legais. Há variações na correria dos personagens, muito mais monstros e cenários interessantes. Jack – O Caçador de Gigantes vai do razoável ao ruim.

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