Comecei a assistir este filme após ler os elogios de alguns críticos. Este é um daqueles filmes que faz você pensar quais são os limites entre arte e realidade.
Dirigido por William Friedkin, o diretor de clássicos como O Exorcista, Killer Joe é um filme violento e perverso. Embora Friedkin seja o diretor, o roteiro de Tracy Letts é o que realmente chama a atenção. O roteiro tem alguma coisa de teatral e no fundo parece uma tragédia. É difícil saber em que medida a roteirista tentou criar uma espécie de tragédia na forma de cinema, mas a impressão que tive é esta, especialmente se levarmos em conta a carga dramática excessiva ao longo do filme.
Em alguns momentos achei o filme um pouco exagerado, com muitas brigas, palavrões e cenas de nudez. Lembrava alguns filmes brasileiros que às vezes buscam um realismo excessivo. O roteiro poderia ter sido um pouco mais lapidado e um pouco de fluidez não seria ruim.
O filme é baseado em uma peça de Tracy Letts e acaba sendo um híbrido entre a linguagem teatral e cinematográfica. Esta foi a impressão que tive. Ao ver o filme tentei compará-lo com o filme Os Bons Companheiros de Scorsese, um filme violento, mas que se equilibra com diversas cenas que fogem do tom central do filme, criando algo que funciona bem no cinema. Killer Joe é um filme sem qualquer tipo de fuga ou desvios de tom, é só ladeira abaixo. É difícil criticar as escolhas do diretor neste ponto, mas acredito que o filme poderia beneficiar-se com um tom um pouco mais humano em alguns pontos.
Killer Joe trata da história de um filho tentando matar a própria mãe com o auxílio do pai e se não fosse ruim o suficiente há muitas outras perversões. Só para dar uma ideia, um simples pedaço de frango frito torna-se uma ferramenta de sadismo. Eu me senti mal assistindo o filme. Talvez eu devesse ter o assistido mais como uma comédia de humor negro, ou como uma brincadeira. Mas eu fiquei imaginando o oposto: Pessoas podem realmente agir deste modo tão brutal? Daí a questão inicial: quais os limites da arte e o mundo. E mesmo se observarmos o filme através da lente do humor, não podemos esquecer que o humor pode às vezes esconder verdades terríveis. Se você levar Killer Joe a sério, o filme torna-se uma história terrível e carregada de mal estar.
Killer Joe é um filme violento e que revela certo sadismo cinematográfico que pode ter sua gênese no cinema de Quentin Tarantino, especialmente Cães de Aluguel e Pulp Fiction. O cinema tornou-se uma arte onde vale tudo. Se esta situação é boa ou ruim, apenas um debate mais longo poderia solucionar.
0 comentários:
Postar um comentário